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domingo, 17 de novembro de 2019

FERIADO EM TIBAU



Por Paulo Menezes

      Hoje, aproveitando o feriado, estou a saborear uma loura geladíssima e a degustar um delicioso caranguejo cozinhado numa panela de barro na encantadora praia de Tibau. Porém, o mais importante disso tudo, é o filme, em longa metragem, que assisto agora na memória ainda viva, vendo com uma nitidez cristalina, todos os momentos que hoje admito como sendo onde vivi os melhores dias da minha vida.
      O mar continua o mesmo. Verde azulado. Majestoso, Lindo. Infinito. Misterioso. Porém Tibau mudou. E mudou muito. Mais do que o necessário.
      O progresso destruiu as belas falésias. A geografia humana da antiga vila ficou sem Cizinho, Pirá, Seu Pia, Arejado, Chico Zé, Raimundo de Quinca, Genário, Zilda, Hermógenes, Cabrinha, Antônio de Bé, Zé Chorão, Dois de Ouro, Dioclécio, Nonato de Ananias, Funela, Pançudo. 
       Não temos mais as noites românticas provocadas pelo luar clareando a noite escura. Os lampiões Colemans não são mais presentes para alumiar nossos alpendres.
       A seresta hoje faz parte de um passado que, infelizmente, se foi. Não há mais as rodadas de pif-paf, as peladas na praia, o forró de Pedro Cem, peixada da Belisa, garrafas de areias coloridas de Josefina, a cervejada no bar de Manoel Marreira, a chegada das jangadas, a partilha dos peixes, o arrastão comandado pelos gritos de Tidó e Ananias, os encontros no morrinho onde os jovens debutavam seus primeiros namoros. Por isso,  cada vez mais, acho que devemos viver o agora, o presente. Principalmente quando a ele acrescentamos memórias de um passado ditoso.             Como é bom ser saudosista. A coisa que mais gosto é viver intensamente o presente e relembrar o passado. Logo agora, que estou do jeito que sempre gostei. Na praia, pés na areia fina e fria,  brisa suave, visão panorâmica do sagrado mar, recordando dias felizes que se foram e vislumbrando um futuro incerto mais esperançoso nos netos que chegaram. Eles que são hoje nossos filhos adocicados. Nossa razão maior de viver.
       Ao fim, após essa retrospectiva saudosista e uma meditação reflexiva só me resta dizer que hoje para mim tudo é saudade. Muita. Gostosa.