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Foto: Alcinete Silva |
Por Henrique Mendes
Odisseia em alto mar
Ninguém está
plenamente desperto para o significado da vida. Enquanto não decide buscar por
si mesmo novos conhecimentos. Buscar significa procurar, obter experiências que
nos tragam a mais profunda compreensão de nós mesmos e do mundo em que vivemos,
capacitando-nos a expressar novas faculdades latentes.
Certa vez,
Roberto, meu companheiro de infância, convidou-me para mais uma aventura. Desta
vez em uma jangada, uma pescaria de dois dias em alto mar. Ele foi logo me
dizendo que não me preocupasse com a segurança da frágil embarcação, uma vez
que seu comandante era um jangadeiro com mais de vinte anos de experiência e
responsabilidade a toda prova.
Levantamos âncora
de Tibau, às 9 horas da manhã do sábado e partimos mar adentro disposto a voltar
somente no domingo à tarde, a meta pré-estabelecida. Pouco a pouco o corpo foi
se distanciando; a jangada seguia sua rota normalmente, enquanto o céu se unia
ao horizonte daquela imensa massa de ar, parecendo a concha de um molusco
gigantesco. Sem nenhum ponto de referencia, perguntei ao jangadeiro qual era o
recurso mais importante de qu se valia a fim de manter seu curso através de um
imenso oceano, onde nada mais podia ser visto, a não ser céu e água. Eu sabia,
naturalmente, que a bússola constitui instrumento importante; sabia também que
a posição do sol e de certas estrelas eram muito úteis. Mas o jangadeiro, homem
experiente na sua atividade, respondeu que eu poderia colocar fora de
consideração o sol e as estrelas. E isto surpreendeu-me, como certamente
surpreenderá o leitor. Com explicação, disse-me ele: “Se o céu estiver escuro e
nublado à noite e estrelas serão visíveis e se não houver crespúsculo
discernível no horizonte, então, evidentemente, poderemos esperar um pouco um
auxilio ou nenhum auxilio do firmamento com intuito de determinar a nossa
posição no mar ou orientar o nosso curso”.
Em seguida, o jangadeiro
explicou ainda que uma viagem de rotina, se o mar estiver calmo, tendo em vista
umm ponto determinado na mente, com certeza a jangada seguirá o rumo
pré-estabelecido sem grandes problemas não constituindo a mínimo preocupação.
Uma pescaria como essa que vamos fazer, pode ter um final feliz, mas pode ser
também que nunca mais voltemos ao porto de origem, ponderou o jangadeiro. As variações
nas ocorrências diárias da vida no mar é que constitui um grande problema. As
tempestades podem desencandear subtamente e obrigar o jangadeiro e a lutar pelo
privilégio de navegar na direção certa. Por outro lado, a cerração ou nevoeiro
expenso no mar pode não somente retardar a viagem como também poderá ser
responsável pela destruição do barco. Se não dispusermos de recursos que
permitam determinar a posição correta, estaremos perdidos. Ventos fortes e
outras condições que são constantes, mesmo inesperadas, sem dúvidas, fazem do
mar o túmulo certo.
Os jangadeiros
devem estar preparados para as mudanças imprevisíveis e saber tirar vantagem
das mesmas a fim de projeto de proteger a si e a sua jangada, cooperando com as
manifestações da natureza. Sem o conhecimento de como a natureza se manifesta –
uma compreensão profunda de suas leis e
sem preparo não perceberá as condições que subtamente possam se
manifestar, ele estará incapacitadode manter o se corpo e salbar
Sua jangada.
A experiência que o jangadeiro tem
da vida e dos seus problemas e o preparo que possuem ao enfrentar emergência,
encorajam e lhe permitem que conduza a sua jangada corretamente; dotam-no
também de calma, de equilíbrio, de segurança e de paz que ultrapassam toda a compreensão.
Esse preparo não pode ser adquirido nos cursos fundamentais do nosso sistema
educacional. Nem mesmo nos cursos universitários.
Decorre de um ponto de vista mais fraco e, não obstante, mas intimo
da vida e de todos os seus princípios e leis; decorre dos longos que une o
homem as manifestações universais em todos os aspectos da sua existência
terrena. Aprender como vencer os problemas da vida, e adaptar-se as situações
da que podem surgir é uma questão de sobrevivência. De outro modo, o homem pode
tornar-se perturbado, desencorajado e incapaz de controlar a sua viagem por
segurança e sucesso.